Notícias

postada em 22/03/2017

Igualdade Racial e relações Brasil/África em Seminário na OAB

Debater as diferentes manifestações do racismo, criar e divulgar ferramentas de apoio no combate à intolerância racial, além de discutir a intervenção institucional e o fortalecimento das organizações do Movimento Social Negro foram os objetivos do Seminário Internacional pela Igualdade Racial. Realizado nos dias 21 e 22, o evento reuniu lideranças do Direito e do movimento negro na sede da OAB-RS em Porto Alegre.

No primeiro dia, o coordenador estadual da FUGRS, Charlis Santos saudou os participantes, lembrando que “somente conhecendo o continente africano que passaremos a entender um pouco mais sobre nós mesmos.” Observou ainda que há que se discutir as diferentes maneiras de intervenção, seja governamental, ou de instituições da comunidade civil. Segundo ele, as ações afirmativas devem considerar prioritárias as ausências históricas em relação ao povo negro. “ Esse debate fará valer os preceitos democráticos do Dr. Ulysses, nosso patrono”, finalizou.

“Que futuro vamos construir se estamos matando o presente?"

No segundo dia de atividades, o diretor da FUGRS, Clóvis André, participou do painel Relações Internacionais e Mercado de Trabalho."Que futuro vamos construir se estamos matando o presente? Nossa crise atual é sobretudo social, além da econômica. Precisamos de uma revolução que tenha como base o respeito às pessoas.” 

Clóvis lembrou que a Fundação Ulysses Guimarães é uma das ferramentas a se produzir  debates com este tema. “Precisamos produzir alternativas de fato e conhecer melhor nossa história para mudar a nossa cultura”, ressaltou. A mesa de trabalho contou com a participação de Laura Costa Brewster, coordenadora da mesa, e Ângelo Antonio Ferreira, mestrando em Direito da UFRGS.

O líder recebeu da advogada Karla Meura uma placa em referência ao Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, celebrado no dia 21 de março. A data marca o Massacre de Sharpeville, quando 69 pessoas morreram e 180 ficaram feridas em 1960, na África do Sul. Os atos de violência realizados pela polícia sul-africana ocorreram durante uma marcha pacífica contra a Lei do Passe, que obrigava os negros a andarem com uma caderneta que dizia aonde eles poderiam circular.

Laura destacou alguns dados sobre imigração no Rio Grande do Sul. Ela mencionou que, entre 2010 e 2014, foram 14 mil os haitianos que pediram asilo ao Estado. A maioria trabalha como ambulante por dois motivos principais, conforme ela. O primeiro seria porque há receio de denúncia em relação à imigração. Segundo, porque há muita dificuldade em revalidar diploma de outros países. “Assim, os dois lados perdem. Tanto o país quanto o imigrante.”

Para Ângelo Ferreira, o imigrante é uma pessoa que gera inquietação em qualquer lugar no mundo. Ele observa que, em 2008 com a crise europeia, as pessoas passaram a migrar de volta ao Brasil. E, em 2010, o país sofreu o maior fluxo migratório desde o século 19. Isso em função da crise econômica mundial, além de desastres naturais. Ferreira disse ainda que “não existe regulamentação para inserção de imigrantes no mercado de trabalho brasileiro, por isso a maioria vai para a informalidade.”